sábado, 7 de janeiro de 2012

Despedida da professora Angela

Considero-me absolutamente privilegiado, em ser aluno no ICEC - (Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos), cursando já o último ano do meu bacharelado em teologia e me sentindo já com o coração apertado exatamente por ser este o meu último ano. Tive o prazer de conhecer pessoas formidáveis, amáveis, sinceras, humildes, simples, pessoas com quem estou tendo a oportunidade não só de aprender, mas também de crescer, amadurecer e encontrar uma maneira de organizar a vida de forma que eu me torne mais humano e parecido com Cristo - embora sinta que ainda não alcancei totalmente. Refiro-me aos amigos e colegas de sala e de todo o seminário, mas principalmente aos professores como o Lucas, Eliel, Gedeon, Célio, Daniel, Jefferson, Juarez, Mauro, Célia, Anderson e outros que ainda não tive aula com eles/(as), mas terei neste tempo que me resta. Todavia o que quero destacar aqui é a nossa inesquecível Ângela Cabrera, deu aula pra nossa turma desde o primeiro semestre até o quarto, com quem tivemos aulas de poéticos, proféticos, históricos e hebraico. A Ângela foi a pessoa mais parecida com Jesus que eu já conheci, suas aulas foram ao mesmo tempo profundas, lúcidas, reflexivas e cheias de honestidade. Sua serenidade no falar nos transmitiu a simplicidade de Cristo. Embora com o português bem arrastado, pois ela não é brasileira, mas conseguiu atingir mente, coração e alma de todos nós. Só tenho a dizer: Ângela obrigado valeu, você foi pra nós a comprovação de que Deus conta com os seres humanos, para um mundo melhor.

A Ângela depois de trabalhar incansavelmente aqui no Brasil e ao concluir seu doutorado na Universidade Metodista de São Paulo retornou para o seu país de origem no fim de 2011, Republica Dominicana, com o objetivo de se deixar gastar até o último de seus dias pela causa do Reino de Deus entre o seu povo. PARABÉNS ÂNGELA

Ela nos enviou um e-mail e resolvi compartilhar a mensagem que ela nos deixou através desse e-mail com todos vocês, portanto leiam a mensagem abaixo com o coração.


Confira o texto, são palavras dela.




Queridos/as amigos/as do ICEC:

Estou encaminhando umas letras muito especiais por saírem do meu coração. Quero agradecer a cada um de vocês por todo o carinho manifesto e partilhado ao longo dos últimos anos. E, especialmente, pela bela sintonia, presencial e em espírito, no dia da minha defesa de doutorado. Foi uma defesa muito especial: todas as pessoas acompanharam a discussão e se envolveram na mesma. Eu senti o amor de vocês, seu apoio incondicional. Senti, de forma extraordinária, a paz de Deus no meu coração, que me trouxe lucidez para responder a cada questão. Deus estava conosco naquela tarde; não tenho dúvida. Senti que falei o que tinha que falar. E aprendi que professor/a deve estar vocacionado para estimular, valorizar os empenhos dos/as estudantes, e acrescentar caminhos alternativos. Aprendi que a academia não pode ser contraposta com a simplicidade. Senti que devemos apostar na qualidade acadêmica e na ausência de arrogância. Alguém falou que devemos ser, como teólogos/as, “simples com os simples e firmes com os arrogantes”.

Penso que não se pode desenvolver um projeto como pesquisador/a comprometido/a e deixar de lado o crescimento humano que deve acompanhar qualquer aprendizado. Tomo consciência de que não nos “fazemos” sozinhos/as. Entendo que com uma mão aberta se recebe e com a outra, também aberta, se oferece de graça o que de graça se recebe. Sei que quem estuda a serio já não se pertence. “Não tem direito a se reservar suas próprias descobertas”, porque então seria como um sino sem sinal.

Fiquei muito feliz de estudar na faculdade Metodista, de adquirir uma formação luterana: porque me fez acolher outras maneiras de ser cristão/a: o ser humano é o mesmo, e a partir de essa humanidade o nosso relacionamento não tem limites nem dogmas. Estou feliz porque vocês me ensinaram a ser professora: não importa que a gente não esteja mais juntos/as na sala de aula, senão, que o aprendizado nos dispõe para que outras pessoas usufruíam a “pedra esculpida” pelo contato passado.

Vou deixar um exemplar da minha tese na biblioteca do ICEC. Espero que ela seja ponte de diálogo e, sobre todo, um estímulo para que a Palavra de Deus não fique estática, senão itinerante como nossas pegadas. Oremos juntos pelo professor Milton Schwantes que tem vários dias na UTI. Ele é um sábio de Deus.

Um abraço profundamente humano, simplesmente amigo. Ângela.

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